Opinião

Que bom, já temos um calendário!
Aerton Guimarães

É. Agora que já temos um calendário definido, já podemos nos preparar para mais um semestre. Ou melhor, para o semestre que já havíamos iniciado. Mas realmente, eu não vejo muitos motivos para se comemorar.

O leitor deste blog pode ficar chocado com minha opinião, mas acredito que seria melhor que o 2º semestre de 2005 fosse cancelado. E sim, quero me formar um dia na UnB. E quero uma boa formação também.

A maioria das pessoas via como um absurdo um provável cancelamento do semestre. Mas seria mesmo? O que perderíamos? Alguns dias de férias. Se o semestre fosse cancelado, provavelmente teríamos aula do dia 3 de janeiro a 3 de maio, mais ou menos. Oh, quanta diferença, não é mesmo? O calendário atual indica o fim do semestre em 27 de março. Pelo meu calendário hipotético, o 1º semestre de 2006 teria início em 24 de maio e terminaria em 25 de setembro. Pronto, férias até 3 de janeiro novamente.

Ah... muita confusão. Desse jeito nunca consertaríamos os períodos de aula.Também não é assim. Um esforço da nossa parte seria feito, com certeza. O que eu não acho aceitável é fingir que teremos aulas normalmente a partir de janeiro. E o que já foi? Nós, estudantes, ficamos praticamente 4 meses sem aula. E agora querem que voltemos como se nada tivesse acontecido?

Isso me lembra o semestre em que entrei na UnB. As aulas começaram em setembro de 2004 e pararam em dezembro devido aos feriados. Em janeiro, voltamos normalmente. Lembro que foi bastante corrido e realmente tenho minhas dúvidas se consegui aprender o que deveria ter aprendido.

E vale a pena correr desse jeito só para não atrasarmos nossa formatura? Os professores cansaram de repetir nas assembléias durante a greve: "Vamos fingir que estamos ensinando e os alunos vão fingir que estão aprendendo". Tá certo, eles criticaram de uma maneira absurda o adiamento do semestre, já que é isso que a greve faz, pois temos reposição de aulas nas férias. Mas que eu saiba eles não fizeram muito para mudar esse quadro.O tema foi debatido algumas vezes nas assembléias. Chegaram até a fazer um debate sobre o cancelamento de semestre, que serviu apenas para isso mesmo: debater. Pois não vi resultados práticos.

Vamos marcar um debate para debater a ausência de mais de 1000 professores nas assembléias da greve? E que tal um para discutir a falta de participação de mais ou menos 25 mil alunos? E melhor, um debate sobre a maneira como o governo trata as universidades públicas do país? Vai adiantar alguma coisa? Não. Mas é bom debater, não é mesmo?

Talvez eu esteja sendo crítico demais. Provavelmente os professores descartaram a possibilidade de cancelar o semestre devido ao histórico existente sobre o assunto. Ao que me parece, há alguns anos uma universidade (me desculpem, não tenho certeza se foi a federal da Bahia) decidiu cancelar o semestre por causa de uma greve. Alguns dias depois, a justiça obrigou os professores a repor o semestre anterior. E devem existir outros exemplos como esse, os quais desmotivaram os professores a fazerem algo.

Por que tão poucos se importam com as universidades? Os alunos só queriam aula. Os professores e servidores queriam principalmente aumento salarial. Enquanto isso, a gente ignora a situação e continua vivendo como se nada tivesse acontecido.